quinta-feira, 10 de julho de 2014

10 de Julho de 2014

"Os adeuses" - Fotografias de Alberto Martí, na Casa da Cultura de Fafe



A Casa da Cultura de Fafe acolhe, uma exposição promovida pela Xunta y el Consello da Cultura Galega, que relata a grande epopeia da emigração galega que marca aproximadamente dois séculos da história daquele povo vizinho.
Na Galiza existe abundância de despedidas, pois é “terra de adeuses”, como em feliz ocasião a qualificara o conterrâneo de Trasalba, Ramón Otero Pedrayo. Foi uma das pérolas que repetira no discurso de inauguração do curso académico de 1954-1955 pronunciado no Auditório da Universidade de Santiago, dedicado a evocar as “vivências” da emigração galega. Quando Otero estava a pronunciar aquele discurso, os adeuses galegos estavam num novo auge, com a abertura das emigrações para a América, nomeadamente para países novos como Venezuela e Brasil, que abriam o leque de destinos americanos, antes centrados nos países de Argentina e de Cuba. Era a derradeira eclosão da navegação marítima de passageiros, que o próprio Otero bem sentira — e contara depois num belo livro — por ocasião da sua viagem à Argentina em 1947, a bordo do famoso paquete Cabo de Hornos.
Daqueles adeuses ficou a memória nalguns documentos gráficos que ficou conhecido, depois de publicados em livros como Galicia Hoy (1966), de Luís Seoane e Isaac Díaz-Pardo. Referimo-nos às famosas fotos de Manuel Ferrol sobre a emigração tomadas no porto da cidade da Corunha. São documentos únicos, mas escassos. Outros fotógrafos trabalharam constantemente naqueles mesmos lugares, tiraram milhares de fotografias daquelas chegadas e partidas, mas não eram conhecidas do público por não serem divulgadas convenientemente. Porém, não existem bens que se mantenham eternamente ocultos. E o que resulta ser um testemunho na primeira pessoa sobre o movimento humano da Estação Marítima da Corunha pode ser agora conhecido e analisado graças a esta exposição sobre Os adeuses.
O guardador do tesouro foi o fotógrafo Alberto Martí, que de forma sistemática e paciente foi registando fotografias de figuras e de sentimentos, de esperanças e de tristezas. Os protagonistas são gente anónima, mas fundamental para entender a história coletiva da Galiza do século vinte.

O presidente da câmara de Fafe, Raul Cunha, realçou a importância da exposição em Fafe, uma cidade muito ligada à emigração para o Brasil, e destacou a importância deste intercâmbio entre os dois países: “esta possibilidade de intercâmbio com outros países faz parte das nossas intenções. O abrir Fafe ao mundo é essencial para a nossa projeção e promoção e, sendo Fafe uma cidade tão ligada à emigração, faz todo o sentido receber esta exposição”.

Esta exposição em cuja organização colabora o Conselho de Cultura, Educación y Ordenación Universitaria através do Centro Gallego de las Artes de la Imagen (CGAI-Filmoteca de Galicia), foi exibida pela primeira vez na Corunha, em 2010, desde aí percorreu várias cidades espanholas e a nível internacional já passou por países como a Argentina e o Brasil.

Em Fafe, “Adeuses” poderá ser vista na Casa da Cultura, até Outubro.

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